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Nossos colegas na escola falam contra a gente.
Quando eles brigam contra a gente, falam que a
gente é da favela: «Você não pode falar isso, você
é da favela!». Aconteceu que sumiu um caderno,
uma caneta e a professora e os colegas acusaram
a gente. A professora falou que a gente não presta,
que a gente é da favela. No outro dia escrevi uma
carta para ela, xingando. Ela ficou com muita raiva
e me acusou que rasgava os livros dos outros,
de pegar o lápis dos outros. Ela trata de maneira
diferente nós da favela e os outros.
(Andréia e Júlia)
Moradores debaixo de uma ponte
V
enho do interior, da roça, faz um ano e meio.
Não tinha trabalho, a condição de vida era difícil.
Viemos para cá pra trabalhar e é a mesma coisa.
Vim junto com o Nélson, nós vivemos juntos.
(Zeni)
Realmente, lá no interior a vida da roça é difícil, a
gente ganha muito pouco. Eu trabalhava na enxada
e vim com a esperança de melhorar a situação.
Na época, tínhamos duas crianças; agora são três.
Aqui em São Paulo tinha parentes, mas também
a situação era ruim. Chegamos sem nada, moramos com eles, depois de pouco tempo pareceu
que a situação melhorou, porque arrumamos um
lugar para ficar, mas lá era muito menino, muito
apertado e não deu. Fomos para uma favela, morando num barraco. Mas a Prefeitura decidiu fazer
asfalto lá e ficamos praticamente no meio da rua.
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