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Também porque há cinco anos partilho, na medida do possível, a vida de uma comunidade de favelados na
periferia de São Paulo: são pessoas vivas, rostos de crianças,
jovens, mulheres, homens e velhos, de quem conheço as alegrias, as dores, as lutas, as esperanças, o fechamento egoísta,
as divisões e a generosidade na partilha. Os favelados não
são para mim um problema encontrado nos jornais ou nos
livros de Sociologia, mas parte da minha vida. E através
dessa parte pude crescer em humanidade, colocando-me
na escola de quem tem da vida uma experiência profunda
e sofrida.
Minha pretensão, propondo este livro, é levar
os leitores a refazerem a mesma experiência. Não é um
livro de estudos sobre o fenômeno da exclusão: eu não seria
capaz de tanto. É uma tentativa de dar voz aos excluídos,
geralmente obrigados a escutar palavras difíceis ou cheias
de promessas nas quais já não acreditam.
Por isso, a primeira parte apresenta vários deles
contando sua vida. Respeitei ao máximo seus depoimentos,
até na linguagem. Nós, os “incluídos”, seríamos tentados
a corrigir seus “erros” e a purificar suas expressões para
domesticá-los dentro de nossas categorias e, assim, excluílos, de novo, mudando sua identidade. São experiências
diferentes, também no sentido de que, em algumas, os
protagonistas já superaram a exclusão, e em outras, ainda
não. Reproduzem a realidade.
Convido o leitor a se colocar numa atitude de
amor, a mesma de Jesus quando veio entre nós, privilegiando os excluídos (“Superando a exclusão”). Amor que nos
torna capazes de entrar na realidade profunda do outro,
para entendê-la como realmente é, além dos preconceitos e
dos chavões. É essa atitude a chave de leitura do livro, que
deverá nos guiar seja na análise das causas da exclusão
(“Por que a exclusão”), seja sobretudo na proposta de
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