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Introdução
Tentar entrar no mundo dos excluídos* é uma pretensão que, às vezes, pode soar como desrespeito à intimidade
da pessoa. Se é verdade que cada ser humano é uma realidade
misteriosa, que não pode ser reduzida a uma categoria, a
uma classe social, a um grupo, a um problema, isso vale de
maneira toda particular para os excluídos. Cada um deles
carrega uma história de dor, de humilhações, de marginalização, que fere sua humanidade e o torna instintivamente
desconfiado. Cada pessoa que se aproxime deles pode ser mais
um potencial atentador contra sua dignidade.
É isto que eu experimentava ao entrevistar essas
pessoas ou ao me arriscar a fazer uma leitura do fenômeno
da exclusão: ser um intruso “caído de pára-quedas” e de outro
mundo para saciar a própria curiosidade. De outro lado,
porém, as entrevistas superaram o tom frio do profissionalismo, para se tornarem encontros de pessoas. Por mérito dos
entrevistados, sobretudo.
*) Excluído: termo antigo que, recentemente, adquiriu um
sentido específico. Trata-se de pessoa jogada às margens
da sociedade, o pobre mais pobre, não somente sob o
aspecto econômico, mas também cultural, porque muitas
vezes vítima de preconceitos.
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