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Deus escreve certo
por linhas tortas
“No primeiro ano do Terceiro Milênio, um vietnamita pregará
o retiro da Cúria Romana” — assim, no dia 15 de dezembro de
1999, João Paulo II anunciou que eu seria o pregador do retiro.
Encarando-me intensamente prosseguiu:
— O senhor tem em mente algum tema?
— Santo Padre, caí das nuvens, fui pego de surpresa. Será
que poderia falar sobre a esperança?
— Dê seu testemunho! — concluiu.
Confuso e comovido, voltei para casa. Entrei na capelinha
de minha casa e rezei:
— Jesus, como devo fazer? Não estou acostumado a falar
abundantemente sobre ciência e teologia. Tu sabes que sou
um ex-presidiário.
— Fala por aquilo que és. Faze como te disse o Papa. Com
humildade e simplicidade!
Pensei então em preparar uma “refeição” vietnamita.
A panela é a mesma, ou seja, a matéria: o Evangelho da
Esperança. Mas vou mudar o cardápio: usarei temperos e
aromas asiáticos e dever-se-á “comer” com os bastõezinhos.
Procurarei dar o melhor de mim. Todavia, o pobre cozinheiro nada pode fazer sem o fogo: o Espírito Santo.
Os asiáticos não raciocinam mediante conceitos, mas narram uma história, uma parábola; e a conclusão resulta clara.
Assim falaram Confúcio, Buda, Gandhi. E assim fala Jesus:
Um homem descia de Jerusalém a Jericó […]. Qual dos três,
em tua opinião, foi o próximo […]? Vai, e também tu, faze
o mesmo. (Lc 10,30-37)
O cardápio “esperança” é preparado por um ex-presidiário
que trabalha em uma situação desesperada, ou melhor, mais
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