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Na Luz do Pai
Enfim, poderíamos dizer que a frase do Gênesis
“à imagem e semelhança de Deus” chega à plenitude
exatamente no momento em que — por meio de Cristo e
do dom do Espírito Santo — a pessoa humana descobre
e vive o amor. Porque, vivendo o amor recíproco com o
próximo, entre irmãos e irmãs, a humanidade torna-se
plenamente a imagem da vida trinitária, que é a essência
de Deus. Tanto assim que a Primeira Carta de João, de
maneira sintética e concreta, pode afirmar: “E todo aquele
que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que
não ama não conheceu a Deus, porque Deus é Amor”
(1Jo 4,7-8).
A oração com a qual nos dirigimos a Deus nos foi
ensinada diretamente por Jesus Cristo e começa com a
invocação “Pai nosso”. É possível explicar brevemente
suas várias conotações?
Antes de mais nada, é muito significativo que, atendendo ao pedido dos discípulos de que lhes ensinasse a
rezar, Jesus tenha proposto aquela que se tornou a oração por excelência do cristão, uma oração que começa
justamente com a invocação e o louvor a Deus pelo nome
que Jesus revelou em sua existência, ou seja, “Pai”. A
primeira característica que se destaca nessa oração é,
portanto, a relação direta e filial que ela instaura com
Deus; em outras palavras, a participação em Jesus da
experiência mais radical e mais profunda do ser humano
que se torna, por obra do Espírito Santo, filho no Filho.
Aqui temos um reconhecimento de Deus — na
qualidade de Pai — feito de admiração, de adoração, de
glorificação e de gratidão. Mas, ao mesmo tempo, é um
reconhecimento daquilo que é o nosso ser: declarando a
Deus que ele é Pai, nós nos reconhecemos filhos e doamos de volta nossa existência a ele, tornando, de alguma