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Na Luz do Pai
todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28). O que
não significa que a masculinidade e a feminilidade sejam
eliminadas, mas sim que encontram sua raiz em Cristo,
vivendo nele, na relação de reciprocidade e adquirindo,
de certa forma, um a característica do outro.
Sem dúvida, portanto, é importante deixar de lado
a projeção dos traços machistas ou patriarcais na imagem
de Deus, que teve muito peso no decorrer dos séculos.
Contudo, o caminho não é contrapor a isso a idéia de
uma deusa mãe, com uma visão feminina antagônica. O
desafio consiste precisamente em ir à origem da oposição
essencial que experimentamos na existência humana,
vendo em Deus a presença dos aspectos mais profundos
— e recíprocos — do masculino e do feminino.
Um “mistério” caracteriza a relação entre Pai e
Filho, corroborado pela intervenção do Espírito Santo:
o mistério do Deus “uno e trino”. O que se pode propor
como explicação para ser possível a aproximação máxima
do cerne desse diálogo de amor?
Para descrever o mistério de Deus como Trindade —
que é o nome dado pela tradição cristã para explicitar
o ágape, ou seja, o amor divino, mencionado pelo Novo
Testamento — é preciso fazer referência aos fatos bíblicos
que tratam da relação de unidade e distinção que existe
entre o Pai e o Filho. Se quisermos penetrar no íntimo desse
diálogo amoroso não apenas com o conhecimento teórico,
mas também com a experiência existencial, é preciso, de
alguma forma — por meio de Jesus e do dom do Espírito
que nos é dado no batismo e que nos é doado em plenitude na Eucaristia — participar concretamente dele.
Uso sempre um axioma: não se pode conhecer
Deus como Trindade se não de maneira trinitária, ou
seja, participando intimamente da vida desse mistério.