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I — A “Essência” do Pai
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acusadores, do seu pôr-se num patamar que, de certa
maneira, era o patamar do próprio Deus, não somente
pela sua autoconsciência, mas também pela sua prática,
pela autoridade com a qual falava e agia.
Portanto, a novidade é a revelação de Deus não somente como Pai, mas também como Filho. Ao lado disso,
não podemos esquecer a presença e a ação do Espírito
Santo. No Antigo Testamento, via-se o Espírito como a
força e a luz de Deus que é comunicada aos homens.
No Novo Testamento, o Espírito torna-se “Santo”, isto é,
também ele adquire progressivamente os traços de uma
realidade pessoal e distinta, a ponto de, no Evangelho
de João, ele ser chamado de o outro enviado por Deus —
junto com Jesus —, o “consolador”, o “paráclito”.
Em síntese, quanto à terminologia, toda essa novidade é expressa — com uma denominação que mais tarde se
tornará progressivamente a da tradição da Igreja — como
Deus “uni-trino” ou “tri-único”, ou seja, um Deus que é
o único verdadeiro Deus e que é, ao mesmo tempo, PaiFilho-Espírito Santo.
Três ao preço de Um
“Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso”, reza o
credo católico. Nessas poucas palavras são focalizados dois
aspectos-chaves do cristianismo: a escolha do único Deus
verdadeiro e a plena familiaridade com ele. Por que devemos
e podemos chamá-lo, antes de mais nada, de Pai, com uma
denominação que somente o cristianismo aplica em sentido
próprio e pessoal, e não como simples maneira de dizer?
Podemos encontrar o atributo da paternidade, em
sentido lato, praticamente em todas as tradições religiosas mais maduras da humanidade, porém muitas vezes
expresso de maneira muito vaga e genérica. Também no