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Na Luz do Pai
Há, portanto, uma evolução significativa da imagem de Deus apresentada no Antigo Testamento para
aquela proposta pelo Novo. É possível sintetizar seus
principais aspectos?
Há, sem dúvida, uma profunda continuidade entre
a revelação de Deus no Antigo e no Novo Testamento. A Igreja Católica tem sido firme ao sustentar essa
certeza, a ponto de sempre confirmar no cânone bíblico os livros do Antigo Testamento, apesar da posição
de alguns, nos primeiros séculos do cristianismo, que
queriam eliminar da Sagrada Escritura todos os textos
do Antigo Testamento que aparentemente conflitavam
com o Novo.
Nisso manifesta-se uma lei típica da história da
salvação, isto é, da história de Deus que se comunica
aos homens: cada etapa da revelação de Deus tem algo
de novo e, ao mesmo tempo, pressupõe o que havia antes
e o faz avançar de maneira inédita. É uma nova lei na
continuidade, uma lei de progresso. Por isso, o Deus de
Moisés é o Deus de Abraão, e o Deus dos profetas é o
Deus de Moisés, e assim por diante, até o Deus de Jesus,
que é o Deus do Antigo Testamento.
No Novo Testamento, o aspecto principal é que
Deus se torna pessoalmente presente em Cristo e fala
por meio dele; tanto que poderíamos definir Jesus como
aquele que é voz e presença de Deus na história. É
principalmente o Evangelho de João que torna evidente
essa profunda autoconsciência de Jesus, empregando
uma expressão que, no contexto da tradução judaica,
é profundamente significativa: o “Eu sou”, com o qual
Jesus, às vezes, se define de maneira absoluta. É difícil
não reconhecer nessa afirmação o eco do Antigo Testamento, da revelação de Deus feita a Moisés.
Afinal, o motivo mais verdadeiro pelo qual Jesus
foi preso e condenado foi a percepção, por parte de seus