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I — A “Essência” do Pai
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diz respeito a um Deus “de homens”, quer dizer, que
se relaciona profundissimamente com os seres criados
semelhantes a ele.
Na tradição bíblico-cristã, o conhecimento do mistério de Deus passa sempre pelas etapas da experiência
vivida por pessoas às quais Deus se manifestou, pessoas
que Deus chamou e conduziu a um conhecimento de
si sempre mais profundo, para que elas, em seguida,
possam comunicá-lo aos outros. E o homem que “experimenta” esse Deus — disse acertadamente o cardeal Joseph
Ratzinger — penetra, de certa maneira, até mesmo na
definição que o próprio Deus dá de si.
Ao chamarmos Deus de Deus “de Abraão”, expressamos realmente a convicção de que não podemos
conhecê-lo senão passando pela experiência da qual nasceu Israel e que o grande patriarca bíblico testemunhou
depois a seus sucessores. No final do percurso, compreendemos em que sentido Jesus é representado no Novo
Testamento como “o nome definitivo” de Deus, pois ele
é justamente a pessoa que faz e transmite a experiência
única e definitiva do próprio Deus, sendo ele o seu Filho
unigênito.
O Antigo Testamento fala fundamentalmente de
três grandes etapas — para sermos esquemáticos — do
conhecimento de Deus. Na primeira — a dos patriarcas
Abraão, Isaac e Jacó — manifesta-se um Deus que chama,
que promete, que se mostra como amigo do homem. É um
Deus que, para empregar a linguagem bíblica, mostra a
própria santidade, isto é, a transcendência absoluta, e, ao
mesmo tempo, a própria proximidade com o homem.
A segunda etapa, de enorme importância não apenas
na história de Israel, mas também na história religiosa
de toda a humanidade, é representada pelo chamado
de Moisés e pela revelação que Deus faz de seu nome.
Nome este, extraordinário e misterioso, que Deus negara,
por exemplo, a Jacó e que conseguimos traduzir para