Preview dos produtos 5681309187b5e761174536pdf | Page 23
I — A “Essência” do Pai
21
imagem que, ao longo dos séculos, a humanidade fez
de Deus, às vezes concomitantes, às vezes consecutivas
do ponto de vista temporal. A primeira imagem é a que
encontramos nas religiões mais antigas, as chamadas
religiões tradicionais, na qual o criador é identificado por
vários símbolos que exprimem a unidade e a origem do
universo. Deus é visto, por exemplo, como o céu que está
acima das coisas criadas, como o Sol que o ilumina e lhe
dá vida, como a rocha sagrada na qual se concentram
todas as forças da natureza. De uma maneira menos imaginosa e mais filosófica, o criador é visto como o espaço
que dá orientação a toda a realidade, a constante que está
sob cada porvir, o centro do universo.
A segunda fase é expressa nas grandes tradições religiosas do Extremo Oriente, em que o ser absoluto é descrito
como o fundamento de tudo, mas, ao mesmo tempo, está
além de tudo. No hinduísmo, por exemplo, ele é visto como
o brahman, o espírito que é a origem de todas as coisas e
ao qual tudo é chamado a voltar, como um grande mar da
existência no qual cada gota deverá perder-se. No tronco
dessas religiões orientais, o budismo apresenta uma particularidade, que intensifica a figura do Absoluto como o
além de tudo; ele está tão “além” que não pode receber
nem um nome nem um rosto nem qualquer descrição ou
representação. Pode ser somente espera.
A terceira fase, importantíssima e muito original, é
representada pela figura de Deus que irrompe do evento
da revelação, assim como é entendido pelas religiões
monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. A sua
característica fundamental é a do Deus único e uno que
entra na história do homem e se mostra como um Deus
“pessoal”, isto é, que fala em primeira pessoa.
Na quarta fase, que distingue especificamente o
cristianismo das outras duas crenças monoteístas, Deus,
além de ser pessoal, é em si mesmo “comunhão”, uma vez
que é uno e ao mesmo tempo trino (Pai, Filho e Espírito