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I — A “Essência” do Pai 17 dade, isto é, a capacidade de abrir-se ao conhecimento, de chegar até a conhecer o princípio e a meta de tudo aquilo que existe e de, livremente, confiar nele. Não seríamos fiéis à nossa profunda vocação de seres humanos se não tentássemos, com todas as nossas forças e mesmo além delas, conhecer aquele que nos criou e na direção de quem vamos. Nossa existência é como a de um riacho de montanha que quer conhecer a nascente da qual brota. É essa a atitude mais humana que pode existir. A possibilidade de nos dirigirmos a Deus e de reconhecê-lo é o dom primordial que ele próprio dá a cada pessoa. Assim, a importância do estudo do que é divino inclusive pelas ciências humanas é fundada no fato de tudo isso dar origem a fenômenos verificáveis. Na verdade, o conhecimento — ou a negação — de Deus não é apenas algo que acontece na mais profunda interioridade espiritual de cada pessoa, mas influi na psicologia humana, forja a existência, dando a esta alguns traços característicos. Creio que está claro para qualquer um que a experiência pessoal de Deus engloba a maneira como nós nos relacionamos com os outros, cria cultura e está na base da civilização humana. A história mostra-nos que todas as grandes civilizações nasceram de uma determinada experiência de Deus feita pelo homem ou, então, de uma determinada manifestação de Deus ao homem. Como conseqüência, adquirem importância a sociologia, a psicologia e a história das religiões, por destacarem o que poderíamos chamar de eficácia histórico-antropológica do conhecimento de Deus. Ou seja, a origem do homem e da sociedade vem desse conhecimento de Deus. Por sua vez, na teologia, que é o “saber da fé” e baseia-se na revelação divina, nós falamos de Deus a partir daquilo que o próprio Deus disse de si. Portanto, não somos somente nós, com nossas forças, que queremos