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I — A “Essência” do Pai
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dade, isto é, a capacidade de abrir-se ao conhecimento,
de chegar até a conhecer o princípio e a meta de tudo
aquilo que existe e de, livremente, confiar nele.
Não seríamos fiéis à nossa profunda vocação de
seres humanos se não tentássemos, com todas as nossas
forças e mesmo além delas, conhecer aquele que nos
criou e na direção de quem vamos. Nossa existência é
como a de um riacho de montanha que quer conhecer a
nascente da qual brota. É essa a atitude mais humana que
pode existir. A possibilidade de nos dirigirmos a Deus e
de reconhecê-lo é o dom primordial que ele próprio dá
a cada pessoa.
Assim, a importância do estudo do que é divino
inclusive pelas ciências humanas é fundada no fato de
tudo isso dar origem a fenômenos verificáveis. Na verdade, o conhecimento — ou a negação — de Deus não
é apenas algo que acontece na mais profunda interioridade espiritual de cada pessoa, mas influi na psicologia
humana, forja a existência, dando a esta alguns traços
característicos. Creio que está claro para qualquer um
que a experiência pessoal de Deus engloba a maneira
como nós nos relacionamos com os outros, cria cultura e
está na base da civilização humana.
A história mostra-nos que todas as grandes civilizações nasceram de uma determinada experiência de
Deus feita pelo homem ou, então, de uma determinada
manifestação de Deus ao homem. Como conseqüência,
adquirem importância a sociologia, a psicologia e a história das religiões, por destacarem o que poderíamos chamar de eficácia histórico-antropológica do conhecimento
de Deus. Ou seja, a origem do homem e da sociedade
vem desse conhecimento de Deus.
Por sua vez, na teologia, que é o “saber da fé” e
baseia-se na revelação divina, nós falamos de Deus a
partir daquilo que o próprio Deus disse de si. Portanto, não
somos somente nós, com nossas forças, que queremos