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Introdução sirvamos bastante dos conhecimentos produzidos ao longo do tempo nesses dois campos do saber e pretendamos oferecer elementos originais e sugestões úteis — esperamos — a essas ciências. O que este livro propõe e defende é uma tese bem específica: não é um mero acidente do processo de evolução da economia capitalista — algo que poderia existir ou não, dependendo das circunstâncias históricas — que, nos últimos vinte e cinco anos, tenha florescido um conjunto de organizações sociais caracterizadas por uma visão civil de seu papel e cientes de sua capacidade de ação; e esse florescimento não pode ser visto como o resultado do emprego sistemático de expedientes para dotar o Estado de uma espécie de muleta, de um laboratório de sociabilidade que daria origem a novas formas de organização na esfera social. Longe disso, as expressões da sociedade civil a que aqui nos referiremos, traçando um perfil de sua identidade, constituem nada mais nada menos que o pressuposto para a sustentabilidade do mercado e do Estado. Nesse sentido, mostraremos que o princípio da troca de equivalentes — que regula o funcionamento da instituição mercado — e o princípio da redistribuição — que caracteriza a ação do Estado — não são categorias primitivas e, portanto, não podem sustentar-se por si mesmas. Em última análise, ambas decorrem da categoria da reciprocidade. Assim, uma sociedade que suprima de seu horizonte cultural o princípio da reciprocidade e, no projeto de sua estrutura institucional, impeça ou desestimule a ação autônoma de atores sociais, individuais e coletivos — ação esta baseada no código simbólico da reciprocidade —, é uma sociedade com um futuro provavelmente comprometido e certamente sem condições de satisfazer à demanda de felicidade de seus membros. As ideias e posições sustentadas neste trabalho são o produto conjunto do interesse científico e da paixão civil. Ideias e posições que foram postas à prova — diríamos, quase testadas — em organizações da sociedade civil das quais participamos há anos, desempenhando diversos papéis e funções. Várias partes deste livro foram apresentadas e discutidas em diferentes espaços, nacionais e internacionais, acadêmicos ou não, e fizeram parte de publicações registradas na bibliografia. A revista Vita foi para nós uma espécie de academia, na qual nos exercitamos e preparamos o primeiro esboço da nossa discussão (Lezioni di economia civile, Milão, abril de 2003). Desejamos expressar nossa sincera gratidão a todos aqueles que, com suas observações críticas e algumas vezes com seu ceticismo, nos obrigaram a 13