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O desenvolvimento representa o problema… Essa abordagem (outro tipo de mundialização = desenvolvimento duradouro) não contempla a rediscussão do imaginário econômico. Continuamos sempre diante da ocidentalização do mundo, com a colonização dos espíritos mediante o progresso, a ciência e a técnica. A economização e a tecnização do mundo são impelidas ao extremo. Ora, está justamente aí a fonte de todos os males de que a mundialização é acusada. Os problemas sociais e ambientais da atualidade são gerados justamente pelo desenvolvimento existente de fato, que domina o Planeta há pelo menos dois séculos. O desenvolvimento é apenas uma ação que tende a transformar em mercadoria as relações dos homens entre si e com a natureza. Trata-se de explorar, de atribuir valor, de tirar proveito dos recursos naturais e humanos. Qualquer que seja o adjetivo que se lhe acrescente, o conteúdo implícito ou explícito do desenvolvimento é o crescimento econômico, o acúmulo de capital, com todos os efeitos positivos e negativos que conhecemos: competição impiedosa, aumento ilimitado das desigualdades, saque incontrolável da natureza. O fato de se acrescentar o adjetivo “duradouro” ou “sustentável” só confunde um pouco mais as coisas. Justamente hoje está circulando um manifesto pelo desenvolvimento sustentável, assinado por numerosas celebridades, entre as quais Jean-Claude Camdessus, expresidente do fmi! Nosso supercrescimento econômico já supera amplamente a capacidade de suportação da Terra. Se todos os cidadãos do mundo consumissem como o norteamericano médio, os limites físicos do Planeta seriam largamente superados. Se tomarmos como índice do “peso” ambiental de nosso modo de vida a “pegada” ecológica dele na superfície terrestre necessária, obteremos resultados insustentáveis, tanto do ponto de vista da eqüidade no direito de extração de natureza quanto do ponto de vista da capacidade de regeneração da biosfera. Considerando as necessidades de materiais e de energia para absorver os refugos e os rejeitos da produção e do consumo, e somando-lhes o impacto do hábitat e das infra-estruturas necessárias, os pesquisadores que trabalham para o World Wildlife Fund (wwf) calcularam que o espaço bioprodutivo da humanidade é de 1,8 hectare por pessoa. Um cidadão dos Estados Unidos consome, em média, 9,6 hectares; um canadense, 7,2; um europeu médio, 4,5. Estamos, pois, muito distantes da igualdade planetária e, mais ainda, de um modo de civilização duradouro, que necessitaria limitar-se a 1,4 hectare, admitindo-se que a população atual permanecesse estável. Podem-se discutir essas cifras, mas infelizmente elas são confirmadas por um número considerável de indicadores (que, aliás, serviram para estabelecê-las). Assim, para que, na Europa, a criação intensiva 17