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O DESENVOLVIMENTO
REPRESENTA O PROBLEMA E
NÃO O REMÉDIO PARA A
MUNDIALIZAÇÃO!
Serge Latouche4
Entre os esquerdistas (e também os centristas), há praticamente unanimidade
em denunciar os prejuízos provocados por uma mundialização liberal, ou mesmo
ultraliberal.
Essa crítica consensual articula-se em alguns pontos:
1. A denúncia das desigualdades tanto entre os Hemisférios Norte e Sul
quanto no interior de cada país.
2. A armadilha da dívida externa para os países do Hemisfério Sul, com suas
conseqüências na exploração insensata das riquezas naturais e a reinvenção da servidão e da escravidão (especialmente das crianças).
3. A destruição dos ecossistemas e as ameaças que a poluição global representa para a sobrevivência do Planeta.
4. O fim do Estado do bem-estar social, a destruição dos serviços públicos e
o desmantelamento dos sistemas de proteção social.
5. O omnimerchandising, com o tráfico de órgãos, o desenvolvimento das “indústrias culturais” uniformizadoras e a corrida ao patenteamento do ser vivo.
6. O enfraquecimento dos Estados-nação e o aumento do poderio das sociedades transnacionais, tidas como os “novos senhores do mundo”.
No Sul, para suprir as fraquezas do mercado, recorre-se amplamente aos serviços de atendimento médico de urgência (Samu) mundiais, dos quais as Organizações
Não-Governamentais (ongs) são o instrumento determinante. O setor terciário, ou
a economia social e solidária, tende a satisfazer o mesmo objetivo no Norte.
Será que o (re)desenvolvimento pode representar o remédio para esses males?
Muitos pensam que sim, em particular, todos aqueles que pregam “uma outra mundialização”. Dever-se-ia voltar ao desenvolvimento, corrigindo seus efeitos
negativos, se for o caso. O desenvolvimento “duradouro” ou “sustentável” aparece,
4 Professor emérito de Economia na Universidade de Paris xi, co-presidente da associação La Ligne
d´Horizon.
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