Preview dos produtos 567017da32a33903243367pdf | Page 7
de um comportamento distorcido e assumido pelas famílias que,
ao não tomarem posse de seus problemas, contribui para a criação
de uma sociedade formada por jovens que não sabem relacionar-se, agridem e chegam a matar inescrupulosamente.
Refletir sobre a intervenção educativa a partir do diagnóstico de vivências reais que nos escandalizam é assumir a responsabilidade que cabe a cada um de nós, educadores, sejamos pais,
professores ou coordenadores pedagógicos. Trata-se, portanto, de
um livro-denúncia, pois expõe as feridas que tão bem conhecemos, seja nas nossas casas, seja nas escolas ou até nas faculdades. Afinal, onde quer que estejamos, ouvimos histórias de filhos
amados demais, provocando indignação e sofrimento.
Ao apontar que tudo pode terminar bem, que há possibilidade de cura comportamental, o autor possibilita o surgimento de um novo modus operandi que certamente vai alterar o
modus vivendi. Essa esperança é vivificada no último capítulo,
especialmente quando se fala do reconhecimento da culpa pelo
filho. Sem aceitar essa ferida, o filho não se tornará responsável
por si. Logo a seguir, Poli repete o conto de A bela adormecida, colocando uma luz singular num enredo que tão bem conhecemos. Quando a princesa depara com o “aspecto doloroso da
vida”, ela não encontra forças para lutar. O resto é conto de
fadas, ou seja, o príncipe que a salva é ilusão e utopia. O resgate
do bloqueio psicológico precisa ser vivido na alma, enfrentado as
verdades da vida e assumindo responsabilidades. Parafraseando
Rubem Alves: “Ideias são pimentas que podem provocar incêndios nos pensamentos. Para provocar um incêndio, não é preciso
fogo. Basta uma única brasa”. Eis o livro. Eis a brasa.
Regina Pundek1
1 Regina Pundek é engenheira civil, psicopedagoga, autora do livro Acorda, Alice: Mãe o que você está fazendo com seu filho? Atualmente é diretora pedagógica da Escola Kid’s Home, Cotia (SP).
10
• amor demais
AMOR DEMAIS FINAL.indd 10
4/25/14 3:43 PM