Portugese - Mental health and gender based violene 2019 | Page 156

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8 . Denúncias

( Ver Estabilizando e protegendo uma sobrevivente que quer fazer uma denúncia do que aconteceu com ela e Protegendo uma sobrevivente quando ela denunciar o que aconteceu com ela na Parte II , páginas 100-101 e 102-105 .)
Esta seção considera os problemas que podem aparecer quando uma sobrevivente decide denunciar abusos e crimes cometidos contra ela , incluindo prestar queixas à polícia . Ela foca nos riscos e opções da sobrevivente .
Em tais casos , primeiramente deve-se considerar se a sobrevivente pode conseguir avanços positivos ou irá se colocar em risco ao relatar sua história , prestar uma queixa , fazer uma denúncia a uma autoridade , ou prestar testemunho . Depois , deve-se estudar a questão de obter as provas . Pode haver necessidade de avaliações e diagnósticos para documentar e descrever sinais de tortura ou outras formas de maus-tratos ; e para documentar sinais mentais e físicos que podem ser provas nos processos jurídicos ou outras formas de investigação . A mensagem importante é a de que muitos problemas surgem no contexto de denúncias e que é essencial separar denúncias da prestação de assistência e cuidados .
Em um contexto de direitos humanos , prestar queixas ou denunciar violações é uma prioridade . Sob essa perspectiva , tais ações devem ser encorajadas . Porém , é também essencial assegurar que ajuda e cuidados sejam fornecidos , independente da denúncia .
Cuidar e denunciar são duas atividades diferentes que não devem ser misturadas . Dito isso , ajudantes podem desempenhar um papel importante em uma discussão sobre se a sobrevivente deve ou não denunciar e ajudá-las caso elas decidam seguir em frente com a denúncia . Nós listamos alguns pontos-chave com respeito à preparação , informação e apoio antes , durante e depois de uma sobrevivente fazer a denúncia na Parte II ( Ver Protegendo uma sobrevivente quando ela denuncia o que aconteceu com ela nas páginas 102-105 ). Os conselhos abaixo aprofundam a discussão .
PARTE III : TEORIA
Escutar e ajudar versus denunciar e documentar
Nós descrevemos e discutimos como pode ser feito o contato com mulheres que foram expostas a traumas graves , como o estupro e outras graves violações de direitos .
Nesse contato , é essencial criar uma atmosfera de confiança , mesmo que a confiança seja limitada no começo . Para conquistar isso , o ajudante deve :
• Demonstrar respeito à mulher em questão .
• Escutá-la atentamente e cuidadosamente .
• Permitir o silêncio e a passagem do tempo .
• Manter a distância da qual a sobrevivente precisa para decidir como contar e o que contar .
• Garantir que a situação seja a mais segura possível para a mulher .
• Respeitar a confidencialidade .
• Deixar claro que o propósito da conversa é apoiar a mulher .
• Destacar que o ajudante não possui outros compromissos senão o de providenciar ajuda , apoio e consolo .
Durante as primeiras conversas , várias alternativas podem emergir :
• A mulher pode querer e precisar de assistência psicossocial .
• Ela pode querer ser indicada a especialistas em medicina ou psicologia / psiquiatria para avaliação adicional .
• Ela pode precisar da ajuda de especialistas para o tratamento .
• Ela pode querer denunciar o abuso sofrido às autoridades ( ou outra instituição relevante ).
• Ela pode querer documentar suas lesões para denunciar a ocorrência .
• Ela pode querer assistência psicossocial e cuidados médicos , mas não querer relatar o que aconteceu .