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PARTE III : TEORIA
Comunicação não é apenas sobre falar , mas também sobre escutar e observar .
A escuta ativa pode ser usada para averiguar se você compreendeu o que uma sobrevivente disse . Em tais casos , repita o que você acha que ouviu para ter certeza de que ouviu corretamente . Entretanto , se palavras são usadas diferentemente em diferentes linguagens ou diferentes grupos culturais , mesmo uma escuta ativa pode gerar desentendimentos . Então fique atento também à comunicação não-verbal . Peça ao seu mediador local por ajuda e dicas para lhe ajudar a entender diferenças culturais na comunicação nãoverbal . Ouça cuidadosamente as palavras que a sobrevivente usa para descrever a situação ou problema e use as palavras dela , ao invés de termos médicos ou culturalmente enviesados . A escuta pode tomar várias formas . Você pode escutar as próprias palavras da sobrevivente e interpretar seu significado ; o som da voz dela ; a postura do corpo dela e sua linguagem corporal ; os silêncios dela e o que ela não fala . Mesmo se você escutar com empatia e compaixão , nunca presuma saber como uma pessoa se sente . Repita o que ela disse em suas próprias palavras e mostre que você entendeu , e dê a outra pessoa a chance de corrigir você caso você não tenha entendido algo . Certifique-se de que a sua linguagem corporal não anule o que você disser . Não irá ajudar a sobrevivente se você estiver interessado no que ela diz , mas sua linguagem corporal expressar tédio . No melhor dos casos , tais sinais mistos confundem a pessoa com a qual você está falando . No pior dos casos isso cria desconfiança , ou dúvidas acerca de sua convicção e honestidade .
Tolere silêncios
Quando uma sobrevivente tem dificuldade em se expressar , paciência é importante . Emoções podem invadir a mente de uma sobrevivente , magoando-a e interferindo com a entrevista . Ajudantes devem dar tempo à sobrevivente para ela gerenciar suas emoções , organizar os pensamentos , ou decidir se quer expressar ou não um pensamento em particular .
A relevância dos direitos humanos
Adotar uma abordagem baseada nos direitos humanos pode dar a você uma ferramenta extra . Ela ajuda você e a sobrevivente a considerar o direito dela de falar , ser consultada e participar , ficar em silêncio , ter confidencialidade , poder procurar e obter reparação , e ser tratada a todo tempo com respeito e dignidade .
Para criar um ambiente que seja seguro para o encontro entre a ( o ) ajudante e a sobrevivente , confidencialidade é de grande importância . É difícil ou impossível compartilhar informações e confiar numa pessoa se você não tem certeza se a conversa é tratada confidencialmente , especialmente porque a relação entre um ajudante e uma sobrevivente frequentemente será mal interpretada como sendo hierárquica . Uma sobrevivente pode acreditar que ela deve falar tudo à ajudante . Ela deve ser assegurada de que esse não é o caso .