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PV: Até que ponto o transtorno psicológico, não acompanhado, pode interferir na vida de uma pessoa?

RM: Sabe-se que quanto mais precoce for a intervenção (tratamento), seja este psicoterápico ou medicamentoso, melhor o prognóstico do paciente. Dessa forma, uma pessoa com um transtorno não acompanhado tende a ter seus sintomas piorados, repercutindo negativamente na sua qualidade de vida.

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Ponto e Vírgula: Vivemos numa sociedade que tem o imediatismo como característica marcante. Se tratando de adolescentes, você acredita que isso seja um fator que influencia no grande número de jovens com algum tipo de transtorno psicológico?

Roberta Marback: Sim, a adolescência é um período caracterizado por mudanças físicas, cognitivas e emocionais. Além disso, algumas exigências do ambiente, como pressão para aprovação no ambiente escolar ou na entrada num curso superior, bem como a interação e a escolha por pares, terminam sendo pontos de tensão para os jovens. Tem-se exigido cada vez mais respostas imediatas e o que é observado é que a maturidade geralmente não acompanha a maturidade física, o que aumenta a pressão para os jovens, sendo um fardo pesado a ser carregado. Por isso, muitos não sustentam a pressão e terminam desenvolvendo transtornos psicológicos.

PV: Quais são os sinais indicativos de alerta? Uma pessoa que sofre de TAG, por exemplo, precisa ficar atenta a quais aspectos?

RM: É importante ressaltar que cada adolescente vai responder de forma singular às demandas sociais. Dessa maneira, torna-se imprescindível que os responsáveis fiquem atentos às mudanças de comportamento. Para isso, é preciso entender que o comportamento do adolescente, por si só, já possui suas peculiaridades.

É preciso atentar aos comportamentos de risco, comuns nessa fase, como por exemplo, uso e abuso de substâncias psicoativas e a iniciação sexual precoce. E atentar também aos comportamentos indicativos de transtornos, como os transtornos alimentares (observar alimentação, ganho/perda excessiva de peso, opinião referente à imagem corporal), transtorno depressivo (observar comportamento social, perturbação do sono, rebaixamento do humor, perda da

motivação, agitação ou retardo psicomotor), transtorno de ansiedade (observar ansiedade e preocupação excessivas, irritabilidade, perturbação do sono, tensão muscular e inquietação), por exemplo.

PV: De qual maneira a Psicologia pode atuar e acompanhar o tratamento desses jovens?

RM: Eu trabalho com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e, como o nome já diz, utilizamos estratégias cognitivas e comportamentais para o tratamento. Sendo assim, torna-se imprescindível que o jovem aceite o tratamento. Assim, é preciso atender também os responsáveis pelo menor, para entender melhor a demanda pelo atendimento.

O tratamento pela TCC é focal e estruturado. É preciso compreender a demanda e crenças dos pacientes para estruturar as sessões. Busca-se a reestruturação de pensamentos, partindo-se do pressuposto que apresentamos distorções cognitivas (de pensamentos) e que essas distorções interferem diretamente na maneira que nos comportamos e no que sentimos. Sendo assim, com a reestruturação cognitiva (de pensamentos), tendemos a mudar comportamento e sentimento.

PV: Até que ponto o transtorno pode interferir na vida de uma pessoa?

RM: Sabe-se que quanto mais precoce for a intervenção (tratamento), seja este psicoterápico ou medicamentoso, melhor o prognóstico do paciente. Dessa forma, uma pessoa com um transtorno não acompanhado tende a ter seus sintomas piorados, repercutindo negativamente na sua qualidade de vida.