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Mas essa felicidade era abafada com facilidade e a todo tempo eu sentia que não era realmente eu vivendo aquilo tudo, eu flutuava e assistia minha vida passando por mim, sem possuir controle nenhum, sem saber quando eu estaria vivendo e quando eu estaria explodindo em uma crise de pânico. Até que a explosão foi grande demais.

Eu fui roubada de mim. A depressão tirou minha personalidade, minha vontade, meu corpo, e quase tirou minha vida.

Quase ninguém sabe disso, mas eu tenho muito medo de morrer. E ainda assim eu tentei me matar, mais de uma vez. Em um ato de desespero, numa linha sem saída, eu enfrentei um dos meus maiores medos e, depois, tive que enfrentar outro: a exposição. Falar sobre depressão nunca foi assunto fácil para mim, mas hoje ele não me assusta mais.

Meu nome é Tainá Lobo, eu tenho 22 anos, estudante de biologia, eu gosto de música, dança, livros e séries, minha comida preferida é sorvete, eu gosto do frio, eu tenho sempre um caderninho na bolsa para organizar meu dia, eu não gosto de pés, nem de comidas agridoces, meu filme preferido é Titanic, e eu tenho depressão. Essa sou eu, ou pelo menos uma parte de mim. Eu aceito que eu tenho uma doença que está fora do meu controle, eu aceito que eu preciso de ajuda e agradeço por ter encontrado, e eu espero e luto para que um dia essa doença não seja parte de mim. Eu sou forte.

Segundo a OMS, uma pessoa morre a cada 40 segundos devido ao suicídio e 322 milhões de pessoas sofrem de depressão. Eu agradeço por ter encontrado profissionais e pessoas que me compreenderam e me deram suporte antes e, principalmente, depois de tentar suicídio. A depressão dói e mata e é dever da sociedade oferecer amparo, ajuda e conforto àqueles que precisam.

Tainá Lobo é estudante de Biologia e mora em Belo Horizonte- MG. Descobriu ter depressão ao 15 anos de idade e já tentou suicídio duas vezes.

“tenho muito medo de morrer. E ainda assim eu tentei me matar, mais de uma vez."

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