OPINIÃO
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Pensar diferente!
Rita Santos
Psicologia
Nudging
Todos nós, ou pelo menos a maioria, já teve a intuição de adquirir um determinado comportamento de forma a alcançar um objetivo, mas, por vezes, o contexto envolvente contradiz esta tendência. Por exemplo, algum de vós já empurrou uma porta quando na realidade era suposto puxá-la? O “Nudge” tem por objetivo resolver este tipo de problemas e aplica-se a uma variedade de dimensões, tais como a Saúde Pública e a implementação de Políticas Públicas.
O “Nudge” procura tornar saliente/criar pistas ambientais, isto é, os aspetos físicos, sociais e psicológicos que imediatamente influenciam as nossas decisões, de forma a promover o comportamento a atingir. Neste sentido, procura estabelecer uma relação direta entre o estímulo recebido e a ação desejada, tendo em consideração os limites cognitivos e emocionais, assim como hábitos do ser humano. É importante salientar que o “Nudge” pressupõe algumas condições de forma a ter sucesso.
Certamente todos nós já tivemos de ler ou, em alguns casos, “passar” inúmeras páginas com um conjunto de informações, simplesmente para chegar à ultima página a dizer que aceitamos ou concordamos com algo. Também a alguns de nós já foram renovadas subscrições mensais ou anuais com certos serviços, simplesmente porque não dissemos que queríamos a opção contrária. A partir destes dois exemplos, faço a seguinte questão: será que as pessoas têm realmente uma participação ativa na escolha da sua decisão? Grande parte da investigação mostra que este tipo de regras existem devido ao medo das pessoas errarem, de estarem demasiado ocupadas profissionalmente e pessoalmente ou por falta de informação. Assim, para decidir entre uma escolha ativa ou padronizada, é necessário fazer uma análise dos custos das decisões, bem como dos seus potenciais erros. Em certos casos, como por exemplo nos planos de reforma, é muito difícil que a pessoa tenha uma escolha ativa dado os elevados custos temporais associados, bem como a heterogeneidade da população.
A informação disponível também é um elemento essencial para a eficácia do “Nudge”. Enquanto que, em alguns casos, uma escolha ativa por parte do consumidor pode reduzir o número e magnitude de erros (ex. escolha de gelados), noutros casos pode ser uma desvantagem (ex. planos de seguro de saúde). Neste sentido, é essencial perceber quais as decisões onde a pessoa gostaria de ter um papel ativo ou não. De acordo com a investigação, quanto mais familiar a informação é para a pessoa, mais participação a pessoa gostaria de ter na decisão final.
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«[o nudge] aplica-se a uma variedade de dimensões (...)»