fico
mancho o carpete, minhas calças e meu zelo,
enquanto guardo sentimentos e palavras em segredo
tenho cadeados mas não chaves, tenho medo
percebo que carrego um pouco de tudo aquilo que vejo
nada é imune
o tempo me pesa feito o machado que pune
doem em mim sentimentos que morrem como o amor e o ciúme
seguir adiante, um raro hábito, um necessário costume
se é de terra o chão, vou descalço
se é de coração, vou de fato
se você sabe, não foi de praxe
eu, quando vôo, permaneço.
tardes sem aquarela
numa página em branco
descrevo o vazio
nada é mais sonolento e frio
nem a ferida, nem a morte
nem a falta de cor, nem a falta de sorte
da faca ao corte, pedaços de vida
tudo vai, nada fica.
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