erramos?
Humanos que somos, por inocência ou intencionalidades, nos
concentramos nas diferenças. Conceituamos, selecionamos e
agrupamos nossos semelhantes ao ponto de nos tornarmos díspares.
Criamos a guerra e a competição, a pobreza e a miséria, a segregação e
os povos. Definimos o certo e o errado, o bem e o mal, os valores e a moral
com uma ética cética e dissimulada.
Desenvolvemos processos de seleção, os quais se demonstram capazes
de ampliar a diferenciação, criamos ritos de maldade, violência velada e
institucionalizada.
Aceitamos isso como necessário, desrespeitando semelhantes por
pensarmos o contrário. Criamos debates sem conteúdo, defendemos o
que pensamos e condenamos o contrário ao absurdo.
Não reetimos, apenas pensamos. Questionamos sem reexão de
contextos. Sem conhecimento de causa, desrepeitamos lugares de fala,
acusamos, rotulamos com conceitos os quais nem sempre conhecemos -
apenas ouvimos falar -, ignoramos o saber.
Divulgamos inverdades, publicizamos e trabalhamos em função de uma
distorção geral.
Tememos o futuro e vivemos num mundo dominado pelo medo. Tememos
o retrocesso e ainda assim retrocedemos. Assim, o passado se mostra
bem mais claro que o presente e, então, por lá permanecemos.
Hoje ao me olhar no espelho, percebi que não me reconheço, não tenho
as mesmas certezas do início e nem as dúvidas do passado. Não sou mais
o mesmo e já não sei se fico triste, se ignoro ou se agradeço.
Comecei certo e terminei errado, com a incerteza de que todo dia é um
novo começo.
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