Poezine-se 8 Poezine-se 8 Lucas Vieira | Page 10

erramos? Humanos que somos, por inocência ou intencionalidades, nos concentramos nas diferenças. Conceituamos, selecionamos e agrupamos nossos semelhantes ao ponto de nos tornarmos díspares. Criamos a guerra e a competição, a pobreza e a miséria, a segregação e os povos. Definimos o certo e o errado, o bem e o mal, os valores e a moral com uma ética cética e dissimulada. Desenvolvemos processos de seleção, os quais se demonstram capazes de ampliar a diferenciação, criamos ritos de maldade, violência velada e institucionalizada. Aceitamos isso como necessário, desrespeitando semelhantes por pensarmos o contrário. Criamos debates sem conteúdo, defendemos o que pensamos e condenamos o contrário ao absurdo. Não reetimos, apenas pensamos. Questionamos sem reexão de contextos. Sem conhecimento de causa, desrepeitamos lugares de fala, acusamos, rotulamos com conceitos os quais nem sempre conhecemos - apenas ouvimos falar -, ignoramos o saber. Divulgamos inverdades, publicizamos e trabalhamos em função de uma distorção geral. Tememos o futuro e vivemos num mundo dominado pelo medo. Tememos o retrocesso e ainda assim retrocedemos. Assim, o passado se mostra bem mais claro que o presente e, então, por lá permanecemos. Hoje ao me olhar no espelho, percebi que não me reconheço, não tenho as mesmas certezas do início e nem as dúvidas do passado. Não sou mais o mesmo e já não sei se fico triste, se ignoro ou se agradeço. Comecei certo e terminei errado, com a incerteza de que todo dia é um novo começo. 7