Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia | Page 6

Ao ser convidada a escrever um artigo sobre minha experiência profissional, percebi a quantidade de informações que é possível acumular com o passar dos anos. Sendo assim, havia necessidade de fazer um recorte, e a escolha foi uma reflexão sobre a ambiguidade dos sentimentos gerados dentro de uma família após o conhecimento de abuso sexual perpetrado contra uma criança ou adolescente.

Minha experiência como psicóloga tem referência no trabalho de atenção e proteção de crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica, abuso e exploração sexual e está pautada como profissional participante desde 1994 da equipe do CNRVV – Centro de Referência às Vítimas de Violência do Instituto Sedes Sapientiae – centro este referência no estado de São Paulo o qual é composto pelas áreas de: atendimento, prevenção, formação, parcerias, além das áreas administrativa e de serviço social.

Os atendimentos são de cunho psicossocial tendo seu início com a implantação do SPVV–Lapa do Instituto Sedes Sapientiae (Serviço de Proteção Social de Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência), em convênio com a SMADS (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social). Desde 2011 tenho gerenciado uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, assistentes sociais, profissionais de arte, psicopedagogas.

O atendimento é dirigido a crianças e adolescentes de 3 a 17 anos, quando possível aos familiares e ao agente agressor, tendo como fonte encaminhadora instituições de saúde, social, jurídica, de educação, sendo aceita a procura espontânea.

Os atendimentos são preferencialmente em grupo os quais são compostos de acordo com alguns critérios: faixa etária ou papel desempenhado dentro da família ou o atendimento familiar e a indicação se dá a partir de discussão pela equipe de cada caso e do planejamento de atendimento.

Para a manutenção da área de atendimento há necessidade de integração e articulação tanto com as equipes internas do próprio Instituto Sedes Sapientiae como externas, junto a rede de proteção.

De um modo geral, a criança ou adolescente conhece o agente abusador, assim como, o abuso sexual tem início de maneira sutil.

PATHOS / V. 01, n.01, 2015 05