Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume Especial COVID-19 | страница 18

De qualquer modo, entendemos também, em paralelo a isso, que geralmente, as crianças possuem menores condições racionais para o entendimento de certas situações, em comparação principalmente ao adolescente e ao adulto. Dessa forma, provavelmente tal público em questão, em função da pouca idade, acaba utilizando outros recursos de enfrentamento do cotidiano, dentre eles, o universo da brincadeira envolvendo a fantasia:

A criança adquiri experiência brincando. A brincadeira é uma parcela importante da sua vida. As experiências tanto externas como internas podem ser férteis para o adulto, mas para a criança essa riqueza encontra-se principalmente na brincadeira e na fantasia. Tal como as personalidades dos adultos se desenvolvem através de suas experiências da vida, assim as das crianças evoluem por intermédio de suas próprias brincadeiras e das invenções de brincadeiras feitas por outras crianças e adultos. Ao enriquecerem-se, as crianças ampliam gradualmente sua capacidade de exagerar a riqueza do mundo externamente real. A brincadeira é a prova evidente e constante da capacidade criadora, que quer dizer vivência (Winnicott, 1982, p.163).

Diante disso, a capacidade de brincar e fantasiar oferta a criança um lugar de saúde, possibilidades de resolver e manejar conflitos e ainda elaborar situações. Questionamo-nos, então, como as crianças estão sendo afetadas diante das questões que as tangenciam, condizentes a pandemia do COVID-19? Será que estão conseguindo brincar e fantasiar no sentido saudável dos termos?

PATHOS / V. 10, n.03, 2019 15

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FOTO: Analogicus por Pixabay.