Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 12 | Page 68

O Acompanhamento Terapêutico (AT) é uma prática. Ao partir de uma prática, que soma cerca de duas décadas de atuação e transmissão, Clarissa Metzger tece as malhas de seu novo livro: Clínica do Acompanhamento Terapêutico e Psicanálise. O campo de interlocuções em questão vem sendo enriquecido nos últimos anos com importantes publicações.

O texto da autora, entretanto, não é apenas um a mais, entre tantos. Diferencia-se ao não iniciar com a questão sobre “se é possível” a articulação entre os campos do acompanhamento terapêutico e da psicanálise. Isto é dado como certo de início, e o que lhe permite dar por finda a discussão é o momento histórico em que o livro vem à luz: se no começo da década de 1990, quando o pioneiro A rua como espaço clínico foi publicado, a problemática era colocada como uma questão, hoje é um fato facilmente observável a presença de acompanhantes terapêuticos psicanaliticamente orientados nas grandes cidades do país.

A autora faz uso de uma linguagem fluída e acessível na exposição de suas teses. Exemplifica, discute casos clínicos, retoma a história e esmiúça conceitos. Tal qualidade é de grande relevância em um tema de intersecção, pois acolhe, ao mesmo tempo, o psicanalista pouco versado no AT e o acompanhante terapêutico não orientado pela psicanálise. Este encontrará um rigoroso trabalho de articulação de alguns conceitos essenciais da psicanálise nos respectivos capítulos: A questão do diagnóstico estrutural; Narcisismo e constituição do Eu; Constituição do sujeito: neurose e psicose; e Direção do tratamento na psicose: sinthoma e sublimação).

O primeiro vai se deparar nos capítulos iniciais com uma excelente introdução à história do AT e com questões atualíssimas que o campo enfrenta.

Logo na introdução, a autora retoma a história do AT na cidade de São Paulo, incluindo observações que não são meramente bibliográficas, mas sim biográficas. Pois o próprio percurso de Metzger se entrelaça à história desta prática na cidade: docente e supervisora no Instituto A’Casa, acompanhou as publicações, vivenciou as mudanças e participou dos Congressos e debates que animaram o campo nas últimas décadas. A autora segue os rastros da da ..............

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PATHOS / V. 12, n.02, 2020 67