Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 99

Por sua vez, o Conselho Indígena Missionário (2018) traz a luz dados de 128 casos de suicídios em 2017, numa média de 45 suicídios por ano desde 2000; 110 casos de homicídios e 702 mortes infantis, expondo a insegurança dos povos indígenas no que concerne a direitos individuais e coletivos e o constante investimento em violações contra a dignidade desses povos.

O genocídio o qual nos funda e coloniza como país dor é seguido por 349 anos de escravidão dos povos africanos, oficializada nas leis e pela Igreja Católica. O site “slavevoyagers.org”, criado para mapear o tráfico transatlântico de escravos, levantou que cerca de 1.730.069 (um milhão, setecentos e trinta mil e sessenta e nove) de negros africanos foram enviados para a Bahia escravizados; no caís do Recife, 824.313 desembarcaram para trabalhar forçosamente, principalmente, nas plantações de cana de açúcar e morrerem da exaustão laboral ou pela violência exercida sobre seus corpos por aqueles que alegavam serem seus donos (Carvalho, 2020).

Dados apresentados pela Fundação Perseu Abramo revelam sem muita surpresa o contexto no qual 78,5% dos mais pobres são negros, os ricos são em 72,9% brancos (Oliveira, 2018). Ou seja, pretos são os mais pobres e morrem pela exaustão de seus muitos trabalhos ou pela violência exercida contra seus corpos por aqueles que alegam proteger o cidadão de bem. No Brasil, onde cavar brota sangue!