Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 98

 

DESENVOLVIMENTO

O Fim do Mundo

 

O mundo ao qual nossos sentimentos fazem referência é o espaço de tempo entre 2015 e início de 2020, período da pesquisa, anterior a Pandemia de Covid19. Enquanto a pesquisa acontecia todas as esferas da sociedade entravam em crise e colapsavam, e já marcava nossos corpos com extrema indigência, violência e morte.

O mundo já encontrava num colapso climático. Geleiras inteiras derreteram, ecossistemas totalmente poluídos, espécies extintas. O historiador Yuaval Harari (2019), a filosofa Donna Harraway (2016), o antropólogo Bruno Latour (2014) e a ativista Greta Thunberg já nos alertavam sobre o Antropoceno, a Era do Homem, momento histórico-geológico onde os humanos ascenderam a deuses. O homo sapiens tornado Senhor do mundo, capaz de conceder vida e provocar morte.

O líder indígena e antropólogo Ailton Krenak (2019) nos lembra que os mundos acabam com alguma frequência, no século XVI, quando os europeus promoveram o massacre dos povos tradicionais que aqui viviam, aquilo foi o fim do mundo para muitos, quase todos. O autor reaviva em nós o fato de que hoje só restam entre 2% e 10% da população indígena em comparação com 1500 (Brasil, 2010).

“quando os europeus promoveram o massacre dos povos tradicionais que aqui viviam, aquilo foi o fim do mundo para muitos, quase todos.”