Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 97

Por fim, descortinaremos a possiblidade de pensar uma Psicologia não-fascista cuja prática é comprometida ética-estética-politicamente com a complexidade do presente.

Narramos por meio de uma escrita investida na sua função etopoiética, uma função estética e política de criação de si, demarcando alteridades, transformando aquele que escreve enquanto escreve (Foucault,1983/2014). A narrativa desta comunicação tem como origem a tese de doutorado em Psicologia Clínica, “Por uma psicologia não-fascista para um mundo catastrófico: a experiência de profissionais de psicologia face a LGBTfobia”, a qual investigou a experiência de ser profissional de psicologia face à violência motivada pela orientação sexual e/ou identidade de gênero.

A obra foucaultiana nos possibilita entender experiência para além do que nos acontece, mas uma trama complexa entre saberes, relações de poder e subjetividades, situada no tempo e na cultura (Foucault, 1984/2014). Mas não só, a experiência foucaultiana tem como marca a transformação daquele que experiência (Foucault, 1980/2010).

Caminhando em direção às experiências, foram realizadas entrevistas narrativas com oito profissionais de psicologia1 que responderam à questão: Como foi/é sua experiência enquanto psicóloga/psicólogo atuando em serviços de enfrentamento à homofobia?

Somaram-se outras produções discursivas entre 473 fotos, 199 áudios e 5 diários configuraram fatos, ficções e afetos os quais direta ou indiretamente, foram costurados nas linhas de argumento e análise da pesquisa, entre saberes, jogos de poder e intersubjetividades (Carvalho, 2020).

Rompendo com a dicotomia entre sujeitos pesquisados e pesquisador; atravessados pelas histórias de genocídio dos povos tradicionais, da brutalização sobre os corpos negros, do colapso climático, do impeachment de Dilma Rousseff, das eleições presidenciais de 2018 e do início do governo Bolsonaro, ousamos questionar: o que as narrativas das profissionais de psicologia faz sentir?

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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 96