O impacto da invisibilidade é tão grande que afeta inclusive as produções científicas. Artigos que tratam da Agenda 2030 reproduzem o mesmo viés do gênero como binário e heteronormativo. Para exemplificar citam-se os artigos: A Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030 prospera em saúde2 e Gênero, saúde e a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável3 que pelo viés da binariedade mulher-homem minimiza a amplitude que o termo gênero possui. As poucas publicações que mencionam os grupos LGBT e sua ausência no documento são produtos de grupos militantes com pouca inserção na academia.
Na introdução do documento há um compromisso em “não deixar ninguém para trás” e ainda na construção de um mundo “livre do medo e da violência” que não reflete as minorias em suas metas e indicadores. Na meta 5, por exemplo, em que as populações vulneráveis são marcadas, não há menção ao público LGBT, cuja seguridade é pouco encontrada em parte do planeta. Esse cenário reflete o estigma, a violência, a marginalização, a morte, ou seja, a LGBTfobia como fenômeno mundial.
O Instituto RSFL (2019a, s.p.) destacou três premissas sobre a inclusão da população LGBT nas pautas globais:
I. Abordar questões fundamentais sobre as realidades e experiências vividas de pessoas LGBT e responder a equívocos e estereótipos que são frequentemente usados para excluir pessoas LGBT das atividades de desenvolvimento.
II. Destacar o papel das comunidades LGBT e organizações não governamentais nas atividades de desenvolvimento, incluindo dados e atividades de pesquisa.
III. Mobilizar as operações de agências de desenvolvimento e profissionais de desenvolvimento individual.
No Dia Internacional contra a homofobia, a transfobia e bifobia, comemorado em 17 de maio, especialistas em Direitos Humanos lançaram um texto intitulado “Não deixe nenhum LGBT para trás” (2018), fazendo referência direta à frase empregada na Agenda 2030.
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PATHOS / V. 07 n.01, 2021 85