Estudos recentes
A tendência binária e cisnormativa de enxergar o ser humano também está presente na literatura científica do campo das perdas e do luto, uma vez que as teorizações e pesquisas empíricas que visam compreender as interlocuções entre perdas, luto e gênero estão majoritariamente embasadas nos dois gêneros binários (feminino/masculino) vivenciados por pessoas cisgênero. Não é de hoje que estudiosos do luto buscam compreender se homens e mulheres (cis) apresentam comportamentos e vivências diferentes diante da perda.
Luto é um assunto que carece ser desmistificado. Quando ouvimos a palavra luto é comum pensar, quase que imediatamente, na palavra morte. Historicamente, somos condicionados a evitar esse tipo de conversa. Na maioria das famílias brasileiras, falar sobre morte e luto não é lá o tema ideal para um almoço de domingo. Entretanto, sabemos que nem sempre o luto está relacionado à morte de uma pessoa querida.
O luto não é um estado, mas um processo marcado por um conjunto de reações a uma perda significativa (Bromberg, 2000) e não se manifesta apenas diante da morte. Perdas simbólicas, como aposentadoria, perdas de papéis sociais, rompimento de vínculos e ausência de um objeto perdido claramente definido são apenas alguns dos exemplos de lutos não relacionados concretamente à morte.
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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 57