Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 56

Estudos empíricos (Katz-Wise et al., 2017; Dierckx et al., 2016; Whalig, 2015) acerca dos desdobramentos familiares da transição de gênero apontam que os pais e cuidadores diretos de pessoas trans enfrentam desafios específicos a esta vivência, sendo possível experimentar uma vasta e diversa gama de emoções e reações. Dentre estas, destacam-se sentimentos de perda e luto diante da transformação do filho(a) em uma pessoa diferente do que haviam previsto.

Compreender a experiência e os significados que a família atribui à identidade de um membro familiar não-cisgênero apresenta um importante papel preventivo, uma vez que a rejeição familiar é fator de risco que aumenta significantemente a prevalência de sofrimento psicológico e tentativas de suicídio entre esta população (Katz-Wise et al., 2018; Katz-Wise et al., 2017; Olson et al., 2016; Bonifacio e Rosenthal, 2015). Além disso, uma melhor compreensão sobre a experiência familiar da pessoa não-cisgênero é fundamental para que se desenvolvam propostas de intervenção e orientação clínica, do ensino ao cuidado integral em saúde das pessoas trans.

 

OBJETIVO

 

Trazer à reflexão a estrutura sociocultural cisheteronormativa e suas interlocuções com experiências de luto na vivência familiar da pessoa LGBT+ não-cisgênera.

 

MÉTODO

Este artigo é um recorte da tese de doutoramento em ciências intitulada “Transitando entre o íntimo e o social na contramão da cisnormatividade: a experiência de ressignificação de crenças em direção ao acolhimento das identidades trans pelo sistema familiar”1, estudo de natureza qualitativa que teve como objetivo geral compreender o processo de transição de gênero no contexto da família.

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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 55