Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 54

A família em transição

O grupo social família tem suas características em constante transição, uma vez que a dinamicidade das transformações que perfuram as vivências familiares ao longo do tempo torna o termo família resistente a esforços delimitadores e universalizantes de conceituação. Definições de família interpretadas a partir de critérios homogêneos, universais e rígidos são amplamente contestadas em sociedades em evolução, expandindo os limites da concepção de família para novas alternativas de análise (Colling e Tedeschi, 2019).

Diante das mais diversas configurações familiares, o modelo nuclear tradicional passa a ser apenas uma, dentre tantas outras possibilidades de se organizar uma família, como famílias homoafetivas, monoparentais, recompostas. São diversas as possibilidades de configurações familiares, para além da organização que idealiza como estrutura a família nuclear formada por um casal heterossexual e sua prole.

Neste texto, partimos da compreensão de que qualquer que seja o arranjo, família trata-se de um conjunto de pessoas consideradas como uma unidade social, unidas ou não por laços consanguíneos, onde se estabelecem relações entre seus membros e com o ambiente externo, constituindo um sistema dinâmico e interacional de ampla complexidade (Bousso, 2006).

Ao considerar famílias como grupos sociais inseridos em uma estrutura composta por normas socioculturais, circunstâncias que fogem aos padrões normativos, como é o caso das diversidades sexuais e de gênero, podem ser vivenciadas com intensidade no sistema familiar, exigindo um processo de adaptação e reorganização de significados atribuídos aos símbolos sociais relacionados ao corpo, ao sexo e ao gênero na constituição da identidade de uma pessoa.

Σ

PATHOS / V. 07, n.01, 2021 53