Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 37

D- Não respondeu (N=4; 11,1%)

 

O discurso com a maior prevalência de respostas foi o discurso associado a noções de “medo/receio de sofrer preconceito” (Categoria A), compartilhado por 25 participantes (69,4%). As respostas que compartilham dessa categoria de discurso apresentam noções centrais de preconceito, estigma e julgamento que o personagem da questão estaria sujeito a receber caso contasse sobre o uso da PrEP. Trata-se aqui de um discurso muito semelhante a dados encontrados em outras pesquisas, segundo Zucchi et.al (2018).

Tendo em vista que as noções associadas à questão do estigma surgiram de forma mais proeminente nas respostas dadas à questão-caso 3, havendo ainda discursos que compartilham de certa forma dessa noção, nos discursos relativos às questões-caso 1 e 2, é importante avaliar que essas vivências manifestam um sofrimento subjetivo de medo ou angústia e que também encontram ressonância em discursos socialmente compartilhados, podendo ser a questão do estigma e do preconceito uma das possíveis facetas da representação social sobre o uso da PrEP, uma vez que, como discutido anteriormente, está ainda carregada de uma forte associação ao imaginário coletivo e compartilhado sobre o HIV e a Aids em nossa sociedade.

Segundo Goffman (1988), o uso do termo estigma data dos gregos antigos, que o utilizavam para se referir a marcas corporais que eram infligidas como forma de assinalar indivíduos e evidenciar o status deste na sociedade. Os estigmas eram uma forma de “sinalizar” sobretudo os corpos de escravos, criminosos ou traidores.

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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 36