Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 35

Por outro lado, se por escolha do paciente, após o uso da PrEP, o mesmo optasse em não utilizar mais o preservativo (camisinha), estatisticamente, poderia se pensar, inicialmente, que tais indivíduos estariam mais expostos às outras ISTs. Contudo, em função de ser o usuário da PrEP um paciente em contínuo acompanhamento médico envolvendo testagens frequentes, o não uso de preservativo não poderia ser visto de forma estigmatizada, como se o usuário de PrEP fosse um inconsequente e que não se importasse com sua saúde, pelo contrário, uma vez que o aceite e a escolha em utilizar dos medicamentos da PrEP necessariamente envolvem acompanhamentos rigorosos, assim como a aderência dos pacientes soropositivos ao tratamento do HIV, tal afirmação estigmatizada de ações inconsequentes seria um erro. Podemos ver a preocupação e a responsabilidade dos usuários nas categorias dos discursos: B - “É protocolo (faz parte do tratamento)” (N=3; 8,3%), C- Vida sexual ativa (N=3; 8,3%), F- Devido às outras ISTs (N=7; 19,4%) e G- Comportamento de Risco (N=3; 8,3%), ao que fica evidente que os usuários possuem clareza do protocolo da PrEP, suas limitações e necessidades de acompanhamentos paralelos, seja por consciência de que a PrEP é exclusiva para a prevenção do HIV, seja pela clareza de possuírem uma vida sexual ativa o que necessitaria de maior acompanhamento de outras ISTs, seja por ter se exposto a alguma situação de risco, entre outros fatores. Tais dados de realidade são aqui vistos como elementos protetivos e de impacto positivo na saúde pública brasileira.

Vale ressaltar que o objetivo deste trabalho não versa sobre uma apologia ao desuso da camisinha como método preventivo, mas sim uma reflexão sobre o local de destino e o perigo de se retalhar uma conquista riquíssima da comunidade científica e da saúde pública conquistado através do programa da PrEP.

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