Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 30

Porém, há também a presença de outros discursos que compartilham de noções bastante diferentes, como por exemplo a ideia de que “Quem faz uso de PrEP já tem infecção por HIV ou tem maior exposição ao vírus” (Categoria E), que foi a segunda categoria de discursos mais compartilhada por participantes (N=7; 19,4%). Esse discurso corresponde a certa representação social que pode recair sobre usuários da PrEP, conforme apresentado por Zucchi, et al. (2018). Os autores trazem a possibilidade dos estigmas associados à Aids estarem também associados e fazendo-se presentes na vida de pessoas que optam pelo uso da PrEP. Ainda segundo os autores, o fato de um indivíduo fazer uso de medicamentos antirretrovirais pode fazer com que os mesmos sejam confundidos com pessoas que tenham HIV, além da associação do uso da PrEP com práticas sexuais irresponsáveis.

     Em paralelo, a categoria de discursos associada à ideia de “promiscuidade” (Categoria D) foi a que surgiu com menor frequência dentre as respostas dadas pelos participantes (N=3; 8,3%) na questão-caso 1, porém cabe aqui fazer alguns apontamentos sobre o que esse discurso pode dizer sobre a representação social de usuários de PrEP. Ainda de acordo com Zucchi, Grangeiro, Ferraz, Pinheiro, Alencar, Ferguson, Estevam, Munhoz (2018), apontam que ainda ocorrem associações equivocadas da PrEP com práticas promíscuas ou irresponsáveis, um estigma que carrega em si uma carga moral que entende tal método preventivo como inferior a outros métodos de profilaxia.

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PATHOS / V. 12, n.02, 2020 21

foto: Julie Rose.

"Parece que o direito de se gozar uma vida mais tranquila e livre a partir da PrEP levaria a incômodos sociais significativos. Por exemplo, práticas sexuais sem uso de preservativo é algo relativamente comum dentro do universo heterossexual, uma vez que a camisinha ainda é muito associada erroneamente somente a prevenção da gravidez."