DANIEL: Acredito que seu trabalho é um movimento contra a objetificação das pessoas, que as pessoas sejam descartáveis. Parece ser contraditório quando a gente fala que gravar cenas de sexos ou fotografá-las não seja usar as pessoas. Não é o que acredito no seu trabalho, pois os registros que você faz duram e isso, de certa maneira, é uma valorização do outro.
Mandei para André com ainda um outro pseudônimo: Édipo. A intenção ainda era descer mais um degrau no “estranho”: eu ainda poderia ser outro. Aquele que não foge ao seu destino de, talvez, ser “estranho”. Mais uma vez o André me influenciando.
DANIEL: Sempre vejo que seu trabalho, principalmente, com seu livro uma crítica as relações neoliberais – que hoje se está e amanhã não se está porque você já não serve mais – seu trabalho traz uma outra perspectiva, o coração da coisa, que é a crítica das relações padronizadas. Você não faz contrato para as suas cenas. Você traz no seu livro uma versão balsâmica da palavra ‘vulgar’, pois o vulgar para você é ser verdadeiro e não padronizado.
A participação de André Medeiros no Mix Brasil de cultura e diversidade 2020 teve a apresentação de três projetos diferentes ligados ao sexo. Um longa metragem que fala da sua relação com seu companheiro Hudson. Uma relação que apresenta a liberdade inversa da liberdade capitalizada em que o outro não é um objeto de consumo.
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PATHOS / V. 07 n.01, 2021 147