Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 145

 

ANDRÉ: Eu achava estranho a existência de um livro. O livro de arte é muito elitizado. Eu sempre tive muita resistência em criar um livro para ficar em um ambiente em que as pessoas fossem folhear e dizer “Que lindo!”. Prefiro criar vídeos e explorar as mais diversas plataformas digitais para ver as reações das pessoas em dizer o que devo fazer em cada um daqueles ambientes. Mas que tipo de conteúdo eu queria que existisse nesse livro. Foi assim que eu comecei a observar os conteúdos que as pessoas não queriam que existisse. Esses conteúdos que, então, eu queria no livro. “Que lindo livro!”, me deixa irritado, porque não quero um livro lindo. O nome vulgar me veio quando em um evento de fotografia, meu namorado, fazia poses e o fotografo disse para não fazer determinada pose, pois era vulgar. Aí observei que existem determinadas coisas que não se faz, que é vulgar. Vão utilizar a palavra vulgar sempre para o pejorativo. Até mesmo os mais bem intencionados vão tirar a palavra vulgar desse lugar, mas colocar em outro no mesmo tom, ‘ah os políticos que são vulgares e não isso...’, percebe como ainda continua sendo usado pejorativo quando vulgar, em verdade, é algo banal do cotidiano? É que em fato nós não fomos criados para ser vulgar de verdade, mas para ser importantes, nobres, de grandeza.

PATHOS / V. 12, n.02, 2020 50

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