O presente texto trata de um escrito autoetnográfico em que mostro como a obra de André Medeiros Martins1, principalmente seu último lançamento – o livro “Vulgar”2, me levou a realizar uma crítica literária “ao vivo” e “online” na primeira fase da pandemia em 2020.
DANIEL: (minutos antes de iniciar a gravação da entrevista3): Posso gravar, André?
Logo no início do percurso da quarentena de 2020 da Covid-19 na cidade de São Paulo meu relacionamento terminou de maneira, digamos, opaca. Todo meu mundo de estabilidade e normalidade ruiu. Eu havia sido descartado como um objeto que se usou e abusou e já não era mais útil. É a ideia, dos nossos tempos líquidos de Zigmund Bauman (2008), de corpos como produtos para consumo. Uma distorção na ideia da mente progressista que toma a liberdade individual e a contamina pela lógica neoliberal: o outro é apenas um corpo para diversão. Eu precisava entender isso para colar os pedaços do meu eu que restava.
PATHOS / V. 07, n.01, 2021 141
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