Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 134

Independente da linha teórica, ortodoxa ou não, todas as técnicas da psicologia falam sobre a neutralidade no atendimento, necessária para que o ambiente terapêutico proporcione espaço confortável aos pacientes, onde possam trazer suas subjetividades e experienciar a segurança necessária, além de compartilhar suas angústias e medos, sem julgamentos. O artigo 2º do Código de Ética Profissional do Psicólogo aponta que ao psicólogo é vedado:

 

a)     Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão. b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais (Brasília, 2005).

 

Apesar de ouvirmos isso durante todo o curso de psicologia e ser uma regra do código de ética, é um dos maiores desafios da profissão, pois nem todas as pessoas atuantes conseguem enxergá-la como uma ciência e separar crenças e valores pessoais da análise científica e imparcial.

Outro exemplo disso está relacionado à utilização de técnicas não aprovadas pela ciência, como práticas alternativas ou místicas, como técnicas divinatórias, entre outros. Esse fenômeno colabora para que o tratamento psicoterapêutico não seja efetivo como necessário, pois de alguma maneira a pessoa atendida “filtra” suas questões e não acessa as camadas mais profundas da sua subjetividade, delegando a questões externas o dito milagre da cura.

Por isso, a principal questão que levamos em consideração ao fechar parceria com profissionais de psicologia é a forma como atuam no atendimento, de maneira neutra, ética e acolhedora. Não importa a teoria ou técnica que a pessoa utilize no trabalho e sim a maneira como enxerga o atendimento a pessoas LGBTQIA+.

PATHOS / V. 07, n.01, 2021 133

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