Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 128

Apesar de todas as mudanças que contribuíram para um mundo mais acolhedor para os LGBTQIAP+, percebe-se que a área da saúde ainda é um reduto de atitudes que reverberam convicções e pensamentos discriminatórios. A militância pró-LGBT e suas ações têm se mostrado efetivas nessas mudanças, como ocorreu com a extinção da proibição de doação de sangue por homens ou mulheres trans que se relacionam com outros homens. Mas ainda há diversas barreiras e entraves para mudanças efetivas no atendimento em saúde desses indivíduos. 

A lembrança de fatos marcantes na despatologização da homossexualidade em 1990 e da transgenereidade em 2018 devem estar vívidas em nossa memória do quão recente a saúde se mostrou obscura para esses indivíduos durante séculos.  A estigmatização do homem gay cis e mulheres trans como promíscuos e carreadores de infecções sexualmente transmissíveis após a epidemia do HIV, a invisibilidade da saúde da mulher lésbica e bissexual e a marginalização da pessoa trans ao acesso a saúde, educação, segurança e empregos formais demonstram o longo caminho para se percorrer para uma mudança efetiva desse cenário. E a luta e esforços para uma nova realidade para essas pessoas devem ser diários. Só assim o paciente LGBGTQIAP+ poderá finalmente ser transparente e livre de receios no contato com o profissional de saúde.

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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 127