Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 105

Investindo num projeto de Psicologia não-fascista o qual desvelam teorias e práticas engajadas ética-política-esteticamente na produção de modos de ser (sujeito e profissional de psicologia) não mais subjugados aos imperativos humanistas, identitários e civilizatórios. Uma prática psicológica interessada em deslocar as práticas clínicas do campo epistemológico para o campo ético (Ferreira Neto, 2007). Poderemos, então, adentrar o campo de possibilidades que emerge ao considerarmos uma clínica pautada na ética do cuidado de si.

  O cuidado de si é falado por Foucault (1984/2014) a partir do campo das práticas de liberdade. Ramon Brandão (2015), debruçado sobre as considerações foucaultianas em torno da estética da existência, caracteriza: “a liberdade é da ordem dos ensaios, das experiências, dos inventos, conduzidos pelos próprios sujeitos que, tomando a si mesmos como objeto, inventarão seus próprios destinos” (Brandão, 2015, p. 382, grifos do autor).

 Que a experiência dos profissionais de psicologia no enfrentamento à LGBTfobia nos forneça amparo diante do mundo que rui e, principalmente, nos possibilite caminhar menos apaixonadamente com nosso maior inimigo, o fascismo cotidiano que nos habita.

Investindo numa Psicologia não-fascista produtora de resistência às técnicas de controle e práticas de normatização e criadora “com” o outro de práticas inventivas de si, entendendo a liberdade como uma construção provisória, parcial e precária.

 

  

NOTAS

 

1 - No percurso da pesquisa os profissionais de psicologia tiveram a oportunidade de escolher os nomes pelos quais queriam ser chamados visando resguardar suas identidades.

 

2 - Carta Capital (2018). Bolsonaro em 25 frases polêmicas. Recuperado de https://www.cartacapital.com.br/politica/bolsonaro-em-25-frases-polemicas/.

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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 104