(...) servimo-nos dele [do sexo] como matriz das disciplinas e como princípio das regulações. É por isso que, no século XIX a sexualidade foi esmiuçada em cada existência, nos seus mínimos detalhes; foi desencavada nas condutas, perseguida nos sonhos, suspeitada por trás das mínimas loucuras, seguida até os primeiros anos da infância. (…) De um polo a outro dessa tecnologia do sexo escalona-se toda uma série de táticas diversas que combinam, em proporções variadas, o objetivo da disciplina do corpo e o da regulação das populações (p. 159).
é uma das formas dominantes de ação biopolítica no capitalismo contemporâneo. Com ela, o sexo (os órgãos chamados “sexuais”, as práticas sexuais e também os códigos de masculinidade e de feminilidade, as identidades sexuais normais e desviantes) entra no cálculo do poder, fazendo dos discursos sobre o sexo e das tecnologias de normalização das identidades sexuais um agente de controle da vida (p.11).
É a divisão binária do sexo (fêmea/macho) alinhada a um respectivo gênero binário (feminino/masculino) que pressupõe uma complementaridade entre os sexos, originando a heterossexualidade compulsória, que normatiza uma ordem social e exige dos sujeitos um encadeamento obrigatoriamente heterossexual entre sexo-gênero-desejo (vagina-feminino-homem ou pênis-masculino-mulher).
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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 51