Em um artigo de 2018 intitulado “Diversidade e liberdade sexual: Defensoria Pública, movimentos sociais e a PrEP no SUS”, o autor Rodrigo Augusto T. M. Leal da Silva, defensor público do estado de São Paulo, analisa a implantação dessa terapêutica no sistema público de saúde brasileiro e a entende como uma refundação dos movimentos sociais de defesa de direitos das pessoas que vivem com HIV/Aids, uma vez que o tratamento com PrEP garante e traz ao debate a dimensão da liberdade sexual a diversas populações. Segundo o entendimento desse autor, o tratamento PrEP vai além das políticas de saúde já ofertadas pelo SUS em relação ao HIV/Aids, pois este garante aos indivíduos não apenas a manutenção de suas vidas como também “condições de liberdade e bem-estar desta vida” (Silva, 2018, p. 356).
Apesar da adoção pelo nosso sistema de saúde de estratégias de prevenção de ISTs mais modernas como as profilaxias para HIV, é importante ressaltar a continuidade de estigmas associados ao HIV e à Aids. Cueto e Silva (2018) trazem em uma carta publicada na revista “História, Ciências, Saúde - Manguinhos”, com o título “HIV/Aids, os estigmas e a história”, seus posicionamentos enquanto editores científicos da revista ligados ao Instituto Fiocruz. Nesta carta os autores ressaltam a persistência de estigmas relacionados ao vírus HIV e à Aids presentes mesmo nos discursos sobre as profilaxias PrEP e PEP. Para tanto eles respondem a uma reportagem publicada na revista Época em abril de 2018 chamada “O novo azulzinho” (Thomaz, 2018), matéria essa que traz concepções ultrapassadas como a noção de “grupo de risco”, que segundo Cueto e Silva (2018) foi “abandonada” desde os anos 1990. Por fim, a matéria faz inferências a respeito do fato de a população gay está deixando de usar métodos como a camisinha devido aos outros métodos de profilaxia para HIV, afirmação esta que não encontra respaldo científico consistente.
FOTO: Cristina Cecyaçuapé , Diego Rodrigues , Cauê Taiguara.
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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 19