Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 9º Volume | Page 59

PATHOS / V. 09, n.02, 2019 58

Σ

Diante desta contextualização, questionamos: Como operar na demanda original um desbastamento que a reduza a uma demanda do próprio sujeito? Como exercer um trabalho em que a dinâmica institucional está presente e não será submetido a ela? Como ouvir as cenas de “violência” sofridas e reproduzidas por estes adolescentes por uma escuta capaz de identificar suas angústias e desejos? Como ir além do discurso manifesto, reproduzido de forma homogênea e padronizada, com o intuito de justificar e atender a demanda das instituições jurídicas e sociais? (Barros, 1997).

OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho buscou demonstrar a possibilidade de operar uma “escuta clínica” em estabelecimento que ainda funciona de maneira paradoxal, em uma instituição que mantém modos de viver homogeneizados e padronizados. Propõe-se um modelo de atendimento fornecendo um espaço para o adolescente sentir-se singular e único na sua existência.

MÉTODO

O método utilizado é um relato de experiência a partir de uma vivência no contexto clínico em que o instrumento de pesquisa é o próprio pesquisador com sua condição existencial, incluindo momentos de observação e vivência do espaço institucional e recursos teóricos na perspectiva psicanalítica. Somado a isso, uma prática de 10 anos de escuta de jovens com idades que variam entre 14 a 20 anos de idade, na sua maioria do gênero masculino. Os atendimentos ocorreram semanalmente, com dias e horários estabelecidos.