Atualmente sou coordenador do Projeto Darueira e do Coletivo TUPI – Todos Unidos Pelos Indígenas. Oficialmente, esses trabalhos desenvolvidos em prol das famílias indígenas somam uma década. Exatamente no ano de 2009 fiz minha apresentação na aldeia sede do Apucaraninha, região norte do Paraná, onde de início foi muito difícil os diálogos em razão de ser o primeiro índio oriundo de outro povo indígena a procurá-los. Aspectos como meus cabelos compridos, o uso de penas na cabeça, além da ausência da língua indígena local, foram obstáculos que dificultaram a interação. Outra grande razão existente dentro das aldeias que se opôs a minha aproximação e propostas foi o conflito de interesses vigentes entre integrantes daquele grupo, o que me colocava como uma possível ameaça. Essa ideia era reforçada pelo desconhecimento sobre minha presença, cultura, e principalmente, espiritualidade. Contudo, por entender que minha atuação se tratava de ser uma missão de ordem espiritual superior, o intuito de implementar os projetos em prol das famílias indígenas realmente necessitadas de atenção seguiu seu propósito mesmo diante dessas dificuldades. A espiritualidade ancestral buscou seu próprio caminho, e para minha alegria e paz, os vínculos de confiança começaram a se estabelecer; com a possibilidade desse contato, passei a visitar algumas das aldeias da região com mais frequência.
A prática social junto aos parente indígenas em situação de vulnerabilidade tinha seu início demarcado na história da região norte do Paraná em meados de 2012. Eu dispunha de um veículo modelo Belina 2 e de cor vermelha. Nesse período, por também ter três filhos pequenos, cursar a universidade, pagar aluguel, e ter como principal fonte de renda a venda do artesanato, recebia consideráveis doações de alimentos e roupas. Assim, comecei a dividir parte dessas doações com os parente indígenas que eram visitados. A ação de receber as doações, e dividi-las deu início ao Projeto Darueira, embora no início essas ações não recebessem esse nome.
PATHOS / V. 09, n.02, 2019 10
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