Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 8º Volume | Page 52

PATHOS / V. 08, n.01, 2019 51

Σ

Saúde

Encontro

Equidade

Disponibilidade

Proteção

Cultura de paz

Luta

coletivo

Justiça

Empatia

Isso demonstra a ideia do positivismo dominante, havendo uma hierarquia do conhecimento na qual o científico, a pesquisa quantitativa tem mais valor. Continuando, Demo (2018) acrescenta que essa emancipação destrutiva e ensimesmada pode ser vista sob vários ângulos: eurocêntrica, colonizadora, insustentável, destruidora de outros saberes, machista, seletiva, mas que mesmo assim não deixa de ser uma fantástica potencialidade emancipatória.

A autonomia teorizada por Paulo Freire (1997) sempre cultivou este desconfiômetro: como gerar emancipados que apreciem conviver com outros emancipados. Sabia bem que o liberto pode virar opressor; basta que chegue ao poder. Este é um dos problemas mais intestinos da ciência modernista: acerbamente crítica com os outros, com os outros saberes (em especial do senso comum e das crendices), com outros modos de saber, mas flagrantemente autocomplacente (2018, p.11).

Acreditamos que o conhecimento científico tem uma capacidade de desconstrução, primeira coisa que esse conhecimento pode trazer é a autocrítica, é uma “máquina do conhecimento” legítima, mas que exclui qualquer outra forma de conhecimento, distanciando ao invés de construir pontes de aprendizagem entre os conhecimentos. Entende-se que os saberes não possuem um diálogo harmônico, e nem é essa a intenção, pois o conhecimento se constrói no embate. É importante entender que esses saberes não são fraternos e que o mundo dos saberes é um saco sem fundo. Podemos exemplificar com a dicotomia conhecimento científico e conhecimento religioso, mas é preciso um diálogo desses conhecimentos para efetiva emancipação e aprendizagem dos sujeitos.

As pesquisas no campo da decolonialidade, de onde a pedagogia decolonial é caudatária, surgiram principalmente dos estudos de um grupo de intelectuais latino-americanos. Esse grupo denominado Modernidade/Colonialidade começou a publicar seus principais estudos no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Podemos dizer que suas pesquisas têm como escopo principal os estudos sobre Colonialidade.