Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 8º Volume | Page 7

No ano de 19331 Adolf Hitler chega ao poder na Alemanha. Seu discurso inflamado e radical ecoou, garantindo sua ascensão ao posto máximo daquele país. Na ocasião, a Alemanha vivia uma importante crise econômica e social provocada, entre outros fatores, pela derrota na 1º Guerra Mundial. Hitler foi a falsa promessa de dias melhores. Para tanto, propunha que para a melhoria na qualidade de vida de alguns, outra parte deveria sucumbir, utilizando cruelmente do genocídio como principal ferramenta política.

Nos últimos meses presenciamos no Brasil discursos também inflamados e radicais que levaram a ascensão de um candidato de extrema direita. Embora não seja uma situação idêntica a da Alemanha de 1933, algumas similaridades se mostram presentes. O ódio propagado pelo candidato Jair Bolsonaro, para espanto e tristeza de alguns, encontrou ressonância em uma parcela significativa de pessoas. Discursos que até então circulavam entre linhas em nossa sociedade, discursos esses já reprovados, desencorajados ao longo de nossa evolução social, ressurgiram. Como contribuição nociva, para além do ódio promovido por fascistas, machistas, xenófobos e homofóbicos, o antipetismo reverteu importantes votos ao candidato eleito. Além deles, existiram aqueles que foram seduzidos pelo canto da sereia, pessoas desamparadas pelas mazelas sociais que enxergaram, ingenuamente, luz para seus problemas nas promessas e saídas rasas, equivocadas e duvidosas defendidas por Jair Bolsonaro.

No entanto, uma importante parte da população não se rendeu a essa sedução. Para além de qualquer viés político-partidário, mantivemos nossa atenção voltada à promoção, garantia e defesa dos direitos humanos. Esse coletivo tem se mobilizado em frentes de resistência contra às promessas de desmonte do Estado de direitos, Estado esse conquistado a duras penas.

Assim, este volume da Pathos compõe esse movimento. Traz em seu bojo reflexões e posicionamentos éticos de seus autores. Convidamos a todos a somar conosco.

Desejemos uma boa luta a todos! 💪🏻

Corpo Editorial

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PATHOS / V. 08, n.01 2019 06

1 - Dräger, kathe. (1985) Observações sobre a conjuntura e o destino da Psicanálise e da Psicoterapia na Alemanha entre 1933 e 1949. In. Katz, Chaim S. (Org.) Psicanálise e Nazismo (pp. 09-22). Rio de Janeiro: Taurus.