É importante fazer tal preâmbulo, pois são peculiaridades de uma área que não é muito conhecida de fato. Há muito “fetiche” e falsas idéias, que circulam e se multiplicam, já que grande parte da população subestima o que acontece com os jovens que são julgados em Processos de natureza infracional. Está incutido na crendice popular que não há punição para adolescentes infratores, que o sistema é muito brando, ou ainda que a Polícia prende, mas o judiciário solta. Tais ideias advindas de uma enorme necessidade estritamente punitiva, se alastram como rastilho de pólvora. Sob o manto do desconhecimento de como se dão as execuções dos devidos processos legais, depositam no indivíduo toda a responsabilidade pelas mazelas, ignorando a abissal e galopante desigualdade de classes que retroalimenta um sistema social excludente, entre outros fatores relevantes. Não é retórica sazonal, a idéia de que vivemos tempos em que o “ter” se sobrepõe ao “ser”. Digo mais, nessa sociedade capitalista financista, o “ter” dá mesmo forma e corpo, ou seja, “existencialidade” a uma casta despossuída, tida como inferior, invisível. O significado e o valor do que “eu tenho” engole minha essência.
PATHOS / V. 07 n.04, 2018 18
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