Outro ponto de destaque consiste nos encaminhamentos de adolescentes feitos pelas equipes psicossociais dos centros socioeducativos. Embora uma prática estabelecida e importante para o trabalho em rede, observa-se o encaminhamento prioritário de internos que apresentam problemas disciplinares. Neste sentido, a psicoterapia passa a ser concebida como lugar de adequação de condutas de adolescentes arredios aos procedimentos cotidianos dos centros.
Ali, o trabalho atento de triagem por parte dos psicoterapeutas ganha especial relevância. Ao se questionar a quem serve a psicoterapia – ao centro socioeducativo ou ao próprio jovem – evita-se que a prática surja como instrumento de controle institucional travestido de estratégia de saúde mental.
Considerações finais
A lógica do trabalho interdisciplinar não deve ser confundida como completa apropriação do discurso e das ações psicológicas. O trabalho em rede é fundamental e consiste em um dos pilares das práticas democráticas. Contudo, a conversa entre estas dimensões distintas exige atenção, uma vez que nem sempre seus propósitos são convergentes.
Apesar de todas as armadilhas, a constatação da psicoterapia como uma estratégia riquíssima para o crescimento destes jovens é evidente. Além da proteção, o encontro individualizado atende a necessidades psicológicas pontuais que podem se perder com facilidade nas ações de grupo instituídas. O encontro genuíno entre subjetividades em meio às tantas demandas de “como ser e pensar” resgata os conteúdos mais legítimos do jovem, aqueles que indicam o caminho da saúde.
PATHOS / V. 07, n.04, 2018 13
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