Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 6º Volume | Page 69

Uma das metas dos cuidados é a de levar seu objeto a desenvolver as capacidades cuidadoras. Não apenas ser recebido na vida e no mundo e na história humanos, mas ser ele mesmo um participante ativo desses processos, mesmo quando lhe faltam conhecimentos especializados. (…) Em especial, acreditamos que a introjeção das boas experiências e dos bons modelos requer uma forma de cuidados em que se abram espaços e se dê tempo. (Figueiredo, 2007, p. 23).

Os conflitos entre acompanhada e cuidadora diminuíram consideravelmente desde o início do trabalho. Acredito que a atuação como AT tem sido o veículo que provoca nestas relações a ressignificação e a oferta de novas formas de fazer sentido e promoveu para ambas a perspectiva para novas formas de existir na relação entre Cássia e Márcia. Ou seja, através da maneira como o AT exerce o cuidado, a acompanhada e a cuidadora podem aprender e ressignificar as novas formas de cuidar, e assim também criar outras maneiras de ser na relação entre as duas, experiência que o filho ainda não pode vivenciar provavelmente por questões subjetivas frente ao envelhecimento. O que antes era um campo minado, hoje pode às vezes ser espaço para a criatividade e a liberdade de ser.

referências

Barreto, K. D. (2016). Ética e técnica no acompanhamento terapêutico: andanças com Dom Quixote e Sancho Pança. São Paulo: Livraria Resposta.

Figueiredo, L. C. (2007). Metapsicologia do Cuidado. Psyché, ano XI, n° 21, 13-30. Recuperado em 28 de setembro de 2017, de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psyche/v11n21/v11n21a02.pdf

Goldfarb, D. C. (1996). Corpo, tempo e envelhecimento. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Goldfarb, D. C.(2006). Velhices Fragilizadas: espaços e ações preventivas – In: Velhices Fragilizadas – SESC SP/ PUC SP. p. 75 – 78.

Peixeiro, M. H. (2013) Desamparo e velhice: uma travessia acompanhada. In: N. A. Barbieri, C. G. Baptista (Org). Travessias do tempo: acompanhamento terapêutico e envelhecimento. São Paulo: Casa do Psicólogo. p. 65 – 74

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